"Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela superstição, a realidade pelo ídolo".
Rui Barbosa
Nós - brasileiros - somos uma estirpe estranha. Adoramos pregar, odiamos o sermão, a crítica e a obediência.
Acredito que temos num lado do hemisfério do nosso cérebro, a esperteza e malandragem de Jeca Tatu; no outro, ouvimos o eco do "ai, que preguiça" de Macunaíma, um personagem que não é desprovido de caráter, apenas seu caráter se molda conforme a conveniência, conforme a necessidade, de acordo com seus próprios interesses.
Dizem que somos um povo carismático, amigável, alegre, dócil, cordial, receptivo e afetuoso.
De acordo com diversas matérias publicadas em jornais e revistas do mundo todo, o povo brasileiro reúne qualidades distintas que o tornam diferenciado e especial em relação ao resto dos povos do mundo. Será?
Os tempos de pandemia demonstram outra face do nosso povo. Hiperindividualistas, hipócritas, mesquinhos, cínicos e soberbos. Quanto a ser soberbo, o pecado capital da soberba - de acordo com a tradição cristã - é considerado o pior dos pecados capitais e o preferido do Anjo caído.
Devemos admitir que agimos com arrogância desmedida em relação a covid-19. Nós colocamos num panteão de "sortudos privilegiados" imunes a doença. Por causa desse pensar saímos às ruas desprotegidos sem pensar no outro, na coletividade e ai de quem vier cobrar.
Lidamos com presunção, negacionismo, ignorância e acreditando piamente num "kit milagroso".
Infelizmente, em breve, alcançaremos a triste marca de 300 mil mortos. Para toda soberba vem a queda